terça-feira, 22 de abril de 2014

Why Not Comics? #1

"LET THE GAMES BEGIN!"




Vocês devem estar se perguntando quem sou eu, já que isso não parece muito com um texto do Adler (ele provavelmente começaria esse post com uma foto completamente aleatória, junto de uma chamada interessante, a qual prenderia sua atenção pelo resto do post). Se bem que agora eu tô vendo melhor e isso talvez se pareça com um post do Adler. Bom, anyway, vamos em frente.

Pois bem... se eu não sou o Adler, ENTÃO QUEM SOU EU? Eu também não sei. Essa é uma questão existencial cuja profundidade é incalculável e a qual eu ainda não consegui responder ao longo dos meus 20 anos de vida. Mas sei lá, acho que dá pra dizer que eu sou o Leo. E aquele ali é o Nick. Dá oi pro povo, Nick.

OLÁÁÁÁÁÁ!
Eu sou cara que chamam de Nick. Voltei a ler quadrinhos há alguns (poucos) anos e desde então fico cada vez mais fascinado com as possibilidades da nona arte. Eu gostaria de agradecer ao Adler por confiar a área relacionada a quadrinhos do Why Not a mim e ao meu querido amigo Leo. Gostaria de deixar claro que não somos experts, somos apenas fãs manifestando nossas opiniões. Somos fãs que se sentem bem lendo e conversando sobre quadrinhos, apenas isso.

(O Nick fala que não é expert, mas tá escrevendo uma HQ muito foda chamada Glory Days, então não acreditem nele)

Ah sim, pra você saber quem é quem, eu vou estar escrevendo assim, em verdinho. E o Nick em azul.
Bom, como foi dito ali em cima, a intenção desse novo quadro é falar de quadrinhos (porque é uma das poucas coisas sobre a qual eu sei falar com propriedade). Fomos convidados pra escrever pro blog porque o Adler acha que entendemos do assunto, então espero que gostem do que temos a dizer. E também espero que a audiência do blog não caia por nossa culpa. 

Eu e o Nick vamos tentar estar aqui toda semana fazendo análises, comentários, reclamações, críticas, podcasts (será?) e afins sobre o maravilhoso mundo de Stan Lee, Bob Kane e Rob Liefeld (bleh).

Quando você pensa em quadrinhos, qual é a primeira coisa que vem à sua mente? Permita-me chutar: super-heróis. Acertei? Chega a ser um pouco óbvio. Esse vai ser exatamente o assunto desse primeiro post, convencer você, leitor, de que quadrinhos não são só homens traumatizados vestidos de morcego e nem alienígenas repórteres. Estamos aqui hoje para comentar (e até recomendar) alguns quadrinhos que estão bombando lá fora pela criatividade, beleza e riqueza que seus autores colocam em suas devidas obras. 

Assim, a ideia pra esse primeiro post é falar sobre uma das editoras que vem ganhando cada vez mais respeito dos leitores: IMAGE COMICS (♥).
Pra quem não conhece, a Image Comics é a editora responsável pela criação de uma das coisas chatas que mais permeiam a mídia hoje em dia: The Walking Dead.

A editora foi fundada em 1992 por Todd McFarlane, Jim Lee, Rob Liefeld (pois é), Marc Silvestri, Erik Larsen, Jim Valentino, Whilce Portacio, Chris Claremont, entre outros. A Image Comics começou com um único propósito, e tal propósito se mantém até hoje: publicar quadrinhos sem fazer seus criadores cederem os direitos autorais de suas respectivas obras, e esses quadrinhos são conhecidos como creator-owned comic books. Dentre os títulos mais cobiçados da editora estão: The Walking Dead, Spawn, Invincible, The Darkness, Haunt e Witchblade. Porém, estamos aqui para falar sobre os quadrinhos mais atuais da editora, os quadrinhos que estão fazendo a Image Comics bombar cada vez mais.

E de todas essas coisas aí que a Image publica atualmente, The Walking Dead é a mais merdinha. “AH, MAS EU SOU FÃ DE THE WALKING DEAD”. Tá bom, cara. Eu te respeito. Não tô dizendo que The Walking Dead é ruim (apesar de achar isso), mas nós não vamos falar de TWD aqui e vamos tentar te provar que a Image tem coisa com muito mais potencial pra boa história do que um bando de gente matando zumbis. 

Seguem aí alguns poucos exemplos do que eu tô falando:



SEX CRIMINALS

Olha, não tinha como eu começar essa lista se não fosse com Sex Criminals


Sim, aquilo ali embaixo é uma
máscara do Willem Dafoe.
Altos fetiches bizarros nessa HQ.
A HQ acompanha Jon e Suzie, duas pessoas que descobrem ter um poder bem peculiar: toda vez que eles atingem um orgasmo, o tempo para. Eles achavam que eram os únicos no mundo com esse poder, até se conhecerem, se apaixonarem e descobrirem que quando estão juntos, esse poder de parar o tempo é ainda mais intenso. 

Muito foda, né? (sem trocadilhos). 


Então, já que eles podem parar o tempo transando, o que eles resolvem fazer? Roubar um banco (mas é por uma boa causa, eu juro). 


Claro que seria fácil demais se você pudesse ter sexo e dinheiro assim, numa boa. E é aí que entra a Sex Police, os antagonistas do negócio. AGORA PENSA NISSO, CARA. PENSA NO QUÃO FODA É ESSA HISTÓRIA.


Matt Fraction (Homem de Ferro, Gavião Arqueiro) e Chip Zdarsky (que já desenhou outras coisas que você provavelmente não conhece) são as mentes geniais por trás dessa história, que tinha tudo pra ser uma das coisas mais trash possíveis e acaba sendo uma das melhores coisas que eu já li.




ZERO

Essa HQ maravilhosa criada e escrita por Ales Kot (SUICIDE SQUAD, SECRET AVENGERS) conta a história de Edward Zero, espião de uma corporação secreta conhecida como Agência. 

Uma coisa bacana sobre ZERO é que ela não é uma HQ contada de forma linear; cada edição é um one-shot, mostrando uma missão ou alguma memória do Zero, mas por mais que pareçam só cenas jogadas de forma aleatória ali, Seu Ales vai montando o quebra-cabeça da vida do protagonista dos podres da Agência através dessas histórias fechadas. A arte dessa HQ fica por conta de Michael Walsh (SECRET AVENGERS), Tradd Moore (LUTHER STRODE, ALL-NEW GHOST RIDER), Mateus Santolouco (MONDO URBANO, AMERICAN VAMPIRE), Morgan Jeske (CHANGE), Will Tempest (FAR BELOW, THE NEST), entre outros. Você deve ter estranhado a presença de tantos artistas nesse título, mas a resposta é simples: cada artista desenha uma edição. As cores ficam por conta da talentosíssima Jordie Bellaire. Sim, ela colore todas as edições. 

Edward e Mina, seu primeiro amor.


Informação (in)útil: se minha memória não está me trapaceando, ZERO foi a primeira HQ da Image Comics que eu li com gosto. ZERO foi a HQ que eu li e queria mais, mas não só mais edições desse título, eu queria experimentar outros mundos e, sinceramente, foi uma das melhores decisões que eu já tomei.


SAGA

Eu tô pra dizer que Saga é talvez a melhor leitura da minha vida. É tipo aquela história que tinha tudo pra ser clichê, mas que a execução é tão perfeita que o negócio flui lindamente, te fazendo se apaixonar por cada personagem.


The opposite of war... is fucking.

Aqui temos um lance meio Romeo e Julieta: Alana e Marko são dois habitantes de planetas diferentes, os quais estão em guerra entre si. Os dois se apaixonam e têm uma filha, Hazel. Clichê, né? O problema é que essa criança nem deveria existir, então os governantes dos dois planetas declaram guerra ao casal e à criança. Clichê mais uma vez. Mas, com o tempo vários personagens vão sendo introduzidos: os pais de Marko, uma babá fantasma, o caçador de recompensas The Will, a ex-namorada de Marko, o escritor D. Oswald Heist e o príncipe Robot IV, criando uma bagunça única e maravilhosa.


"Isso é o que eu consigo por me casar com um vegetariano. Até as plantas nos querem mortos!"


Sério, eu sei que à princípio pode parecer só mais uma história, mas Brian K. Vaughan (Fugitivos, Y: O Último Homem) e Fiona Staples (que eu só conheço por Saga mesmo) trazem personagens tão cativantes que é impossível não se afeiçoar. Ah, e se vale como incentivo, a série ganhou três prêmios Eisner em 2013. O Eisner é tipo o Oscar dos quadrinhos, gente. Ou seja, para de ler esse texto sem nexo e vai ler Saga (mentira, dá tempo de você terminar esse texto, não precisa correr tanto assim).



PRETTY DEADLY

Não consigo expressar o quão genial essa HQ é. Como a própria editora diz, é como se Sandman se casasse com Preacher. É uma mistura de folclore, contos de fadas e velho oeste trazido para nós pelas mãos das magníficas Kelly Sue DeConnick (CAPTAIN MARVEL, AVENGERS ASSEMBLE) e Emma Ríos (THE AMAZING SPIDER-MAN, RUNAWAYS). Após ser violentada e trancafiada em uma torre por seu marido, a mulher que conhecemos apenas como “beauty” decide implorar pela morte por não aguentar mais viver de tal maneira. A personificação da Morte decide atender suas preces, porém o mesmo se apaixona pela moça e nela faz uma filha antes de matá-la. Deathface Ginny é o seu nome e ela é a protagonista da história. Apesar de Ginny ser a principal personagem em PRETTY DEADLY, Kelly Sue opta por nos apresentar os coadjuvantes e montar todo um background antes de nos apresentar Ginny. O leitor tem que ter um pouco de paciência quanto ao começo da HQ, mas confie em mim, a espera vale a pena. 


Deathface Ginny, a protagonista da série

A arte de Ríos apesar de ser fantástica, chega a ser um pouco confusa de vez em quando, então às vezes é preciso parar e analisar um painel ou outro pra descobrir o que tá acontecendo, mas assim que você enxergar a cena claramente, vai descobrir o quão linda ela é. Quem faz a coloração desse título também é a Bellaire, ou seja, é óbvio que as cores são de fazer os olhos brilharem. PRETTY DEADLY é um título pra quem quiser experimentar um faroeste (caboclo) diferente, repleto de magia e poesias. Por mais que eu esteja ansioso por BITCH PLANET (próximo trabalho da Kelly Sue na Image Comics que lança ainda em 2014), creio que PRETTY DEADLY seja sua obra-prima, pelo menos por enquanto.


DEADLY CLASS

Esse aqui eu sei que é uma das leituras favoritas EVER do Nick. (Nick interrompendo: É VERDADE!). E não é pra menos. Vamos lá: faz de conta que você é uma criança feliz, com uma família feliz. Aí uma louca tenta se matar, pula de uma ponte e cai em cima de duas pessoas aleatórias: seus pais. Ah é, seus pais morrem esmagados, ok? Aí você vira um sem teto, vivendo nas ruas cruéis de São Francisco no ano de 1987. Maneiro, né? E então, pra ter a chance de se vingar daqueles que destruíram a sua vida, você é convidado para estudar em uma escola subterrânea e secreta onde os maiores assassinos do mundo se formam.


Capa de Deadly Class #2. Leiam isso, por favor.

E o mais legal é que Rick Remender (Fabulosos Vingadores, Fabulosa X-Force) e Wes Craig (Batman Annual #2) te arrastam pra dentro dessa história, com diálogos, recordatórios e arte espetaculares. Ah, e cabe destacar que o trabalho do colorista Lee Loughridge é tão importante quanto o resto. Cada cor utilizada em cada passagem de cada página cria uma sensação de imersão fantástica. Outro fato interessante é que Deadly Class reflete algumas das experiências de vida que o próprio Remender adquiriu durante um tempo (sem a parte da escola de assassinos, duh).


O protagonista ouve The Smiths. O quão lindo é isso?

Deadly Class é mais um exemplo do potencial de grandes artistas quando os caras saem da sua zona de conforto na Marvel ou na DC.


EAST OF WEST

Bem, faroeste nunca é demais, certo? Porém aqui temos uma história de faroeste completamente diferente. Com roteiros de Jonathan Hickman (AVENGERS, NEW AVENGERS) e arte de Nick Dragotta (VENGEANCE, FANTASTIC FOUR), EAST OF WEST se passa em um futuro onde o mundo se encontra perto de seu fim. Nosso mundo é agora divido em 7 Nações: A União, A Confederação, O Reino, Armistício, As Planícies Ardentes, A Nação Infinita, A República do Texas e a PRA. Cada Nação contém um Líder, uma religião, uma cultura e uma economia diferente, mas todas as Nações tem algo em comum: todas seguem “A Mensagem”. Essa tal “Mensagem” ainda não foi devidamente explicada, mas obviamente envolve o fim do mundo e é aí que entra Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, sendo eles: Guerra, Fome, Conquista e Morte. 


Guerra, Fome e Conquista.

Esses quatro tem como missão desencadear o apocalipse, porém esse último desviou de seu destino para ir atrás de algo que tiraram dele (apesar de eu saber o que é, essas recomendações são “free spoiler”, então ficarei calado). As cores ficam por conta de Frank Martin, que consegue captar bem a atmosfera em cada painel fazendo com que a HQ fique bastante chamativa. 


Morte, o protagonista. Hickman e Dragotta o fizeram numa pegada bem Clint Eastwood.

Apesar do Hickman nos deixar com várias perguntas sem resposta, nos enrolar enquanto constrói histórias nas nossas costas e nos faz esperar para ver as peças começarem a ser montadas, vale a pena esperar. Algumas pessoas não tem paciência pra esse tipo de história, tem gente que foge das histórias do Hickman por conta dessa característica de escritor que ele tem, mas ninguém pode negar que quando o Jonathan decide criar algo grande e misterioso, é porque o negócio vai ser épico.


JUPITER'S LEGACY

Por trás desse rostinho bonito e inocente,
existe uma mente doentia (e polêmica).
Pensa num cara muito polêmico. Esse cara é o Mark Millar. Eu nem vou entrar no mérito das polêmicas aqui, porque são coisas do tipo piadas e plots envolvendo estupro, cenas de carnificina gratuita e tals. Deixa isso pro Adler Comenta. A questão é: o Millar divide opiniões de especialistas e de fãs que acham que entendem sobre tudo

O cara já escreveu muita coisa boa, tipo Guerra Civil (Marvel), Superman: Entre a Foice e o Martelo (DC), Kick-Ass (Marvel/Icon), Supremos (Marvel) e afins. Mas também já escreveu merda, tipo Nemesis (Marvel/Icon) ou Superior (Marvel/Icon). Por isso, por mais que Guerra Civil seja a minha saga favorita da Marvel, eu sempre fico com um pé atrás quando leio algo vindo dele. Mas aqui, temos o Millar em alta forma. E acompanhado da arte de um dos gênios da indústria, Frank Quitely (Grandes Astros Superman, Novos X-Men).

Em suma, Jupiter's Legacy é uma história de super-heróis, o que já difere um pouco dos outros títulos que citamos aí em cima, que são mais inspirados pelo "mundo real" ou que trabalham com outros tipos de ficção.

O roteiro traz um ponto que já vimos em Kick-Ass: ser super-herói é ser cool. Mas essa questão é elevada ao extremo aqui. Então, vemos o conflito entre a nova geração de heróis, que acredita e vive essa premissa, e a velha geração que acredita nos verdadeiros princípios heroicos (ou algo próximo disso). O próprio Utopian, representante dessa velha guarda, soa como uma referência ao Superman. Fora isso, temos vários conflitos entre personagens que apresentam motivações fortes e válidas. E claro, algumas poucas cenas polêmicas (afinal, estamos falando do Millar). 

A diferença pros outros trabalhos do Millar, é que aqui tudo isso parece ser muito bem equilibrado, remetendo até aos trabalhos de outros roteiristas como Mark Waid (Reino do Amanhã) ou Grant Morrison (Grandes Astros Superman).

Fica aqui a sugestão de mais um trabalho do Mark Millar que vale a pena (NÃO LEIA SUPERIOR OU NEMESIS, TÁ).


Então, acho que chega de recomendações. Espero que você tenha conseguido enxergar o nosso ponto: o mundo dos quadrinhos não tem fronteiras. Sim, eu sei que essa frase é clichê e parece propaganda da Tim. Mas cara, o Garth Ennis consegue escrever uma HQ sobre o ponto de vista de três cachorros durante o fim do mundo (!). Então, por mais que seja épico ler uma história em que o Batman desce o cacete na Corte das Corujas ou no Coringa (e mano, COMO EU AMO O BATMAN), é legal também lembrar que existem outras possibilidades dentro desse ramo e a Image é a prova disso. Ah sim, e esse post também é a prova de que há mais coisas entre a céu e a Terra do que apenas gente matando zumbis. Ok? Ok. 

Esperamos de verdade que você tenha gostado do que leu, juro que nos esforçamos ao máximo pra trazer esse primeiro post pra vocês. Aceitamos sugestões, reclamações, elogios (PRINCIPALMENTE ELOGIOS) e afins. Curta a página do Why Not? no Facebook, siga o Ask do Big Boss pra fazer umas perguntas marotas e assine o canal no VocêTubo

Eu sou péssimo com esse lance de despedidas, então vou só colocar um ponto final aqui mesmo, tá? Tchau. 

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